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Os 4 principais impactos do 5G na supply chain

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A crise sanitária e econômica não poupou a supply chain, confrontando o setor em particular com um aumento sem precedentes na atividade. Para lidar com isso, a logística poderá contar com um forte aliado: 5G. Muito mais rápido do que seu antecessor, a tecnologia provavelmente reinventará as práticas em um futuro próximo. De fato, 22.636 sites 5G foram abertos comercialmente em 30 de setembro de 2021, de acordo com a ARCEP.

Lançado gradualmente na França, o 5G faz uma promessa: garantir uma velocidade até 10 vezes mais rápida que a do 4G. Embora não constitua um avanço tecnológico, ele melhorará consideravelmente o desempenho das redes móveis, seja em termos de imediatismo, confiabilidade ou mesmo capacidade de resposta, ao mesmo tempo em que possibilitará aumentar o número de objetos conectados. Redes móveis que, por sua vez, são utilizadas por muitos setores, incluindo a logística.

Somente para o mundo do varejo e da supply chain, o 5G permitirá principalmente coletar mais dados, acelerar a análise de dados e promover a tomada de decisões, principalmente com base em soluções de inteligência artificial. O que isso significa? Ainda mais do que qualquer outro desenvolvimento tecnológico, o 5G “constitui uma oportunidade para criar novos serviços e tornar as soluções existentes mais eficientes”, como explicou Isabelle Badoc, Diretora de Marketing de Produto da Generix Group, durante o Orange 5G Lab em Lille.


Aqui está uma revisão de 4 impactos concretos.

 

 1. Um reforço da automação


Atualmente, ainda que a presença humana seja imprescindível, parte da atividade logística é automatizada ou robotizada, com ou sem intervenção externa. Isto é especialmente verdadeiro para a separação de pedidos. Entretanto, em caso de falhas, o tempo necessário para intervir - geralmente à distância - pode penalizar toda a cadeia.

Graças às suas velocidades mais altas, o 5G reduzirá antes de tudo a latência. Um operador, localizado fora do site, será alertado para o problema mais rapidamente e será capaz de reagir em um período de tempo mais curto. Aliada a uma solução de inteligência artificial, a tecnologia pode até garantir intervenções automáticas, limitando consideravelmente o tempo de inatividade. Uma oportunidade que pode até incentivar os players da supply chain a automatizar mais partes de sua atividade.



2. Maior precisão em termos de rastreabilidade


O lançamento do 5G também proporcionará melhor visibilidade de ponta a ponta da supply chain. Graças a um feedback mais rápido e preciso das informações, a tecnologia tornará possível um melhor monitoramento e otimização da rota dos produtos. Como destaca Isabelle Badoc, é possível melhorar “o desempenho geral, se cada elo da cadeia for capaz de receber informações de outras cadeias que lhe interessam". Por exemplo, será possível adaptar a atividade de uma doca de carga em tempo real de acordo com a hora exata de chegada de diferentes caminhões.

Além de melhorar um serviço já existente, o 5G também pode possibilitar a invenção de novas funcionalidades para a rastreabilidad. Ao melhorar o desempenho de soluções de data mining, por exemplo, a tecnologia pode ser usada para saber exatamente, com suporte de vídeo, o que aconteceu com um pacote em um determinado momento. Uma forma de otimizar ainda mais o monitoramento do produto e a satisfação do cliente, sem ficar limitado pelas restrições técnicas da rede móvel.


 
3. A invenção de novas normas de entrega


Como começa a ser o caso no mercado de Rungis, o setor de logística está desenvolvendo cada vez mais soluções de entrega remota, principalmente por drone. No entanto, essas ferramentas devem ser obrigatoriamente controladas por humanos e requerem uma rede de comunicação de alto desempenho. Nesse assunto, o 5G poderá melhorar a transmissão de vídeo e o feedback tátil (alerta tátil), simplificando o controle à distância. Até 2025, é possível até mesmo vislumbrar a democratização das entregas por drones nos centros das cidades graças a esse novo avanço tecnológico.

Eventualmente, a entrega de última milha pode até ser completamente autônoma, em parte graças à contribuição do 5G. Seguindo o exemplo de certos países asiáticos como a Coreia, os consumidores podem ser atendidos por robôs autônomos, capazes de se orientar e se movimentar graças à tecnologia de inteligência artificial baseada em dados fornecidos pela rede móvel. Suficiente para automatizar e robotizar um novo elo na supply chain, melhorando a satisfação do cliente (entrega mais rápida, menos erros, etc.).


4. Otimização do trabalho dos recursos humanos


É certo que o 5G reinventará os usos digitais dos players de logística. No entanto, não devemos esquecer que “a tecnologia também deve estar a serviço dos recursos humanos”, como nos lembrou Isabelle Badoc. Neste sentido, o 5G permitirá otimizar uma ferramenta já presente no armazém: vídeos de digital learning, disponíveis via Smartphone e permitindo aos operadores aprender e seguir melhor as instruções, nomeadamente para a preparação de pedidos.
 
De maneira mais geral, o 5G melhorará todas as facetas do aprendizado e suporte dos colaboradores, principalmente por meio da democratização de dispositivos mais eficientes e inteligentes. Além dos óculos conectados, permitindo que um especialista analise e oriente o operador em suas tarefas, o futuro poderá – por exemplo – ver o surgimento de soluções de visão computacional, capazes de apoiar os operadores em tempo real em suas ações e tomadas de decisão.

Qual o futuro da logística no metaverso?

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O metaverso – uma contração de meta (“além” no grego antigo) e universo – emociona os principais players digitais. Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, vê o metaverso como o futuro da internet. A sua convicção é tal que fez dela o ponto focal e a nova identidade do seu grupo. No final de 2021, o Facebook mudou seu nome para Meta. Mark Zuckerberg está longe de ser o único interessado no metaverso, cujas perspectivas comerciais são imensas. De acordo com o Citibank, o mercado de metaverso pode chegar ao valor de US$ 13 trilhões até 2030! Mas, a propósito, o que exatamente é o metaverso? E o que isso mudará concretamente para o mundo da logística? Descubra este divisor de águas com Nicolas Picquerey, diretor da divisão de Consultoria da Generix Group.

 

Ouvimos muito sobre o metaverso ultimamente. Sobre o que é isso?

"É um mundo virtual em 3D no qual todos podem viver experiências em tempo real - trabalhar, interagir, negociar, jogar... - através de um avatar. Às vezes confundimos metaversos com realidade virtual (VR), mas o metaverso é muito maior." explica Nicolas Picquerey.

Ecoando a definição de Nicolas Picquerey, Matthew Ball, referência no assunto, faz esta comparação: "A VR é uma forma de evoluir no metaverso. Dizer que a VR é o metaverso é como dizer que a internet móvel é uma aplicação".

 

Como o metaverso impactará o mundo da logística?

"O metaverso abre um novo canal de venda virtual para produtos reais. Graças a ele, podemos, por exemplo, escanear nossa sala de estar para ver os diferentes modelos de sofá ou mesa de centro que gostamos. Também podemos criar avatares que reflitam nosso ser físico no momento (t) e experimentar roupas em sites de compras virtuais para verificar se o corte, a cor e o tamanho nos agradam.

Podemos fazer muitas outras coisas, porque em um universo virtual, o campo de possibilidades é ampliado. As marcas poderão oferecer uma gama muito mais ampla de produtos, oferecer serviços de personalização. Elas poderão testar novos produtos com grande facilidade, mas também verificar o interesse do cliente sem pagar todos os custos de desenvolvimento e produção… Esta multiplicação da oferta para satisfazer as necessidades dos clientes conduzirá necessariamente à evolução da logística para um novo modelo baseado em pontos de armazenagem centralizados e altamente concentrados, capazes de atender uma grande área (Europa, América, etc.). Por outro lado, a entrega em massa nas lojas diminuirá, enquanto a entrega no varejo ao cliente final aumentará."

 

É possível uma supply chain puramente virtual?

"Absolutamente! Mas, como no mundo real, os fluxos entre consumo virtual e produção virtual terão que ser gerenciados. Tomemos o exemplo de uma empresa que produz tênis virtuais personalizados: para ajustar os sapatos ao pedido do cliente, ainda hoje é necessária a intervenção humana⁠. Isto significa que pode haver congestionamento da produção, já que uma pessoa só pode personalizar um número finito de tênis por dia. Com inteligência nos sistemas, conseguimos prever tendências, prever a intenção de compra e permitir que o vendedor se prepare, por exemplo, produzindo antecipadamente os tênis 80% acabados, armazenados virtualmente, para serem muito responsivos à chegada do pedido final."

 

O tema da segurança também se aplica aos objetos virtuais comprados?

"Claro. Hoje, as obras de arte virtuais já são seguras. Amanhã, quando o mercado de produtos virtuais personalizados for democratizado, erá igualmente importante assegurá-los. Por exemplo, poderíamos oferecer ao cliente um armazém virtual seguro onde todos os seus produtos estariam seguros. Para obter seu tênis personalizado, bastaria ao cliente solicitá-lo no armazém virtual, que o disponibilizaria pelo tempo desejado."

 

A gestão dos armazéns físicos também será transformada pelo metaverso?

"Sem dúvida. A modelagem idêntica de um site de logística no metaverso pode ter muitas vantagens: pode-se, por exemplo, imaginar armazéns sem operadores no local onde todas as operações seriam realizadas remotamente, conectando-se ao metaverso em casa ou em sua estação de trabalho de seu computador. Um pouco como o que os cirurgiões que operam remotamente fazem hoje: eles colocam luvas que permitem controlar um robô do outro lado do mundo."


Você vê outros benefícios potenciais?

"Eu vejo pelo menos dois. O primeiro é levar o conceito de "gêmeo digital" ainda mais longe. Câmaras miniaturizadas colocadas em todo o armazém, que permitem não só mapear os espaços, mas também acompanhar os movimentos de mercadorias e de pessoal ou os gestos realizados… Este gêmeo digital, juntamente com a IA, permite encontrar caminhos de melhoria, de otimizar a operação do armazém, mas também desafiar o existente."

 

E o outro benefício?

"Esta modelagem ultra-fiel do armazém também poderia ser interessante para fins de treinamento. Por exemplo, uma pré-visita virtual do site de logística poderia ser realizada para economizar tempo no dia. Também se tornaria possível treinar pessoas remotamente em trabalhos de gerenciamento de armazém (operadores de empilhadeiras, separadores de pedidos…). Isso é promissor, porque agora é caro e demorado treinar os operadores, especialmente porque a forte sazonalidade da atividade muitas vezes exige o uso de trabalhadores temporários. Se cada futuro operador puder ser treinado em casa, o gerente do armazém terá a garantia de ver chegar uma equipe competente e produtiva desde os primeiros dias."
 
Fontes: business.ladn.eu