Logística urbana: o grande desafio para a Supply Chain

Publicado a 12 Novembro 2019

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DECONNINCK
Jean-Charles
President
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Supply Chain

A logística urbana é atualmente uma das grandes problemáticas  que os profissionais da Supply Chain enfrentam.  Ao lidar com  fluxos de bens essenciais nas cidades congestionadas, ocupa e preocupa hoje em dia uma grande variedade de intervenientes: desde distribuidores a transportadores e  logísticos, passando pelas autoridades  locais e os habitantes…

Como responder aos desafios que se encontram entre o desenvolvimento económico, a qualidade de vida e a construção urbana? 

Num contexto em que a procura é tão grande como as fortes  restrições impostas, os vários players não poupam esforços para encontrar novas soluções. Alguns  desses players já estão abertos ao  conceito de partilha de transporte, de transporte multimodal e de gestão de espaços urbanos dedicados à  atividade  logística. Todas estas iniciativas  merecem destaque e estão a ser  desenvolvidas para agilizar as operações logísticas nas cidades, com o objetivo  de garantir o seu bom funcionamento, agora e no futuro. 

O inevitável boom da logística urbana

Atualmente, vários fenómenos conduzem à  estruturação da logística urbana adaptada às limitações da distribuição. A começar pelo  fenómeno de congestionamento nas cidades e a mudança nos hábitos de consumo. 

Originalmente, um engarrafamento

Face ao crescimento demográfico dos grandes centros urbanos, as marcas foram forçadas a reagir,  adotando uma estratégia de aproximação dos seus clientes. Como resultado, o número de pontos de venda no centro da cidade aumentou de forma significativa. Ao mesmo tempo, as referências nas lojas aumentaram, reduzindo a capacidade de armazenamento de produtos nas lojas. Numa altura em que os armazéns foram reduzidos ou mesmo eliminados, com uma grande procura de produtos frescos e personalizados, são  necessários esforços adicionais para melhorar a rotatividade de stocks. Desta forma, para combater a concentração de fluxos de automóveis e transportes durante o dia, tornou-se essencial repensar os modelos de entrega na cidade

Uma questão de  evolução do comportamento de compra

A logística também está a mudar sob o efeito pressão dos consumidores, que estão cada vez mais adeptos das entregas ao domicílio e das compras online de bens de consumo diário. De acordo com o FEVAD, atualmente, 37,5 milhões de utilizadores fazem as suas compras  online e 500 milhões de encomendas são entregues todos os anos graças ao comércio eletrónico. Este aumento de  volumes, associado a um aumento das entregas nas zonas urbanas com envios cada vez mais fragmentados, continua a suscitar o receio  de asfixia no  centro  das cidades.

Logística urbana : grandes desafios no futuro

Numa lógica de proteção do comércio de proximidade e de regulação do tráfego urbano que se tornou extremamente  importante, o setor da logística  urbana  iniciou a sua transformação. No entanto, os profissionais da supply chain precisam de redobrar os seus esforços para enfrentar vários desafios importantes e responder de forma eficaz aos restrições económicas, sociais e ambientais. 

O custo do last mile-delivery  

O último elo da Supply Chain é o mais caro, representando aproximadamente 20% do custo total. Isto ganha cada vez mais importância hoje em dia, pois as exigências dos consumidores estão a levar os agentes do comércio eletrónico e da Supply Chain a rever os seus processos de distribuição. O objetivo das empresas logísticas é, deste modo, aproximar-se o mais possível do centro nevrálgico das cidades. 

Os vários constrangimentos ambientais

Atualmente, considera-se que o setor do transporte é responsável por entre 35 a 50% das emissões de gases efeito de estufa, e que o transporte de mercadorias representa entre 15 a 20%. Depois de abordar as emissões do transporte de passageiros, as políticas públicas visam também reduzir a parcela do transporte de carga na mesma área. O setor de logística urbana enfrenta, desta forma, políticas ambientais cada vez mais restritivas. 

Em Paris, por exemplo, o transporte urbano de mercadorias também representa 15% da movimentação de veículos, com uma taxa de ocupação das estradas de 25%. As mercadorias que transitam na cidade  representa m anualmente um peso de 55kg por francês e  um total de 219 milhões de toneladas por ano para toda a população. Estes números significativos explicam, por si só, a  razão pela qual as autoridades  locais  iniciaram uma verdadeira caça à  poluição ambiental e sonora. 

Isso sem mencionar a problemática de escala a gerir em termos de políticas de transporte, estacionamento e desenvolvimento, acresce também a poluição ambiental e sonora. Desta forma, a política de estacionamento é tida em consideração a nível municipal, obrigando as transportadoras a adaptarem-se a cada município. O trabalho dos agentes da logística urbana torna-se ainda mais complexo. 

Uma integração urbana difícil 

Exigindo sérios direitos de passagem e o cumprimento das rígidas regras de segurança, atualmente, os armazéns logísticos são difíceis de registar nas áreas urbanas. Além disso, o Código Comercial  exige a presença de um destinatário para a entrega das mercadorias, o que limita a possibilidade de entrega em horário atípicos. 

As diferentes alavancas de ação da logística urbana

Neste contexto difícil, os agentes da logística urbana têm demonstrado uma imaginação sem precedentes nos últimos anos. Em colaboração com as autoridades locais, estão a experimentar diferentes soluções que combinam partilha de transporte, transporte multimodal e soluções logísticas inovadoras. 

A partilha  de transporte para uma melhor organização

A partilha de transporte é uma estratégia para enfrentar o desafio da logística urbana. Nos últimos anos, o transporte multimodal e a estruturação de plataformas logísticas partilhadas nas zonas urbanas foram objeto de experiências particularmente interessantes. Os princípios são simples, mas ambiciosos: aumentar os fatores de carga dos veículos, partilhar os custos de armazenamento e entrega, incentivar a massificação dos fluxos e a utilização  do transporte ferroviário e fluvial. 

A utilização do  transporte multimodal

Para conciliar a logística urbana e a qualidade de vida, muitas marcas já estão a testar diferentes estratégias de transporte multimodal, como a Monopix e a Franpix. 

Para o abastecimento das lojas em Paris, a Monoprix, por exemplo,  optou por combinar o transporte ferroviário com o rodoviário. As mercadorias são transportadas numa primeira fase por caminho-de-ferro,  dos armazéns para uma plataforma logística com sede em Bercy. De seguida, camiões equipados com sistemas de redução de ruido e veículos a gás e elétricos entregam aos consumidores no seu  domicilio. 

Graças a uma parceria entre a transportadora XPO Logistics, os Portos de Paris e os Voies navegáveis de França (Autoridade de navegação francesa),  as lojas Franprix do grupo Casino optaram pelo transporte fluvial no Sena. 

Ao mesmo tempo, os operadores e as autoridades locais estão a realizar outras experiências de transporte multimodal. Trata-se da entrega de mercadorias pesadas através de transporte  fluvial proposta pelo operador belga Blue Line Logistics e de uma transformação de um antigo tramway (comboio elétrico)  num comboio de carga de mercadorias, um projeto liderado pela metrópole de Saint-Étienne.  

Gerir o acesso dos veículos às áreas  de entrega

As zonas de entrega, embora sejam importantes instalações logísticas urbanas, infelizmente ainda são ocupadas frequentemente por veículos particulares, forçando o pessoal de entrega a estacionar ilegalmente. Para evitar estes problemas, estão a ser estudadas soluções como o controlo dos parques de estacionamento por brigadas especializadas ou a utilização de sistemas tecnológicos. 

Investir nas áreas  logísticas

A observação é clara: a função logística afastou-se gradualmente do centro da cidade devido aos custos dos terrenos. A recuperação de terrenos logísticos no centro da cidade é, sem dúvida, uma das vias estratégicas a ser explorada para facilitar o fluxo de mercadorias nas áreas urbanas. Esta estratégia requer, em particular, a identificação de reservas de terrenos e a disponibilidade de espaços de dimensão suficiente a preços acessíveis. 

Desenvolver  hubs urbanos

Entre as soluções que podem dar uma resposta interessante em temos de logística urbana, estão também alguns conceitos inovadores de hotéis logísticos ou city hubs multifuncionais. O objetivo é combinar diferentes funções complementares dentro da mesma abordagem de desenvolvimento sustentável: plataformas de descarga de comboios e camiões, combinadas com plataformas de carga para veículos ligeiros para  entregas, zonas de armazenamento e preparação, escritórios, etc., tudo com elevados padrões de qualidade ambiental.

Várias área urbanas já apoiam e acolhem este tipo de projetos de estruturação. A área de Gran Lille, um espaço logístico polivalente, com uma área de 8 hectares, encontrou o seu lugar na zona portuária. Em Saint-Étienne, a área urbana optou por partilhar a sua plataforma de distribuição para entregar mercadorias no coração da cidade através de veículos elétricos. Em Paris, o projeto Chapelle International é um verdadeiro teste de escala com a construção de um hotel logístico de 45.000 m2 num antigo terreno baldio ferroviário localizado na Puerta de la Chapelle, no 18º arrondissement.

A logística urbana ocupa agora um lugar preponderante nos fluxos de transporte registados a nível nacional. Representa de igual modo um desafio importante para os operadores logísticos, que devem propor novos esquemas organizacionais alinhados aos desafios comerciais, urbanos e ecológicos que estão em jogo nos territórios a serem investidos. Muitas ações já foram tomadas para apoiar a sua transformação: o investimento em logística e o desenvolvimento de centros urbanos fazem parte das soluções futuras concebidas para continuar a satisfazer as necessidades de todos, respeitando as preocupações de todos. 

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