Logística em alimentação: adaptação às novas demandas dos consumidores

Publicado em 17 Junho 2020

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María Jesús Sobrino
Mª Jesús
Sobrino
Business Development Manager Supply Chain Solutions na Generix Group Spain
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Supply Chain

O setor de alimentos vem enfrentando grandes desafios nos últimos anos em várias áreas. Como em outros segmentos, a pandemia acelerou as mudanças. Os desafios iminentes do setor estão na segurança alimentar, na transformação digital em direção a uma indústria 4.0, nas novas tendências de consumo e no uso sustentável de recursos.

A chegada de tendências como compras on-line de alimentos ou a crescente demanda por produtos frescos, locais e orgânicos são mudanças que colocam o desafio de a indústria alimentícia se reinventar para continuar criando valor. Nesse processo de adaptação, a logística está se tornando um fator cada vez mais importante, deixando de ser percebida como mais um custo agregado e aumentando sua percepção como fator de diferenciação da concorrência.

Um dos grandes desafios que o setor enfrenta é o seguinte:

Alteração dos padrões de demanda do consumidor

A indústria alimentícia acrescenta a muitas outras complexidades o vínculo direto de seus produtos com o consumidor final e, portanto, a necessidade de poder responder rapidamente a demandas e mudanças que não são fáceis de prever, muito menos em uma sociedade que muda constantemente.

Os padrões de demanda estão mudando e a logística precisa se adaptar para manter a participação de mercado e os níveis de serviço em um nível de custo correto.

Mudam os hábitos gastronômicos, a conveniência do consumidor, a demografia e a existência de uma tecnologia hiper-acessível.

Novos hábitos

A preocupação com alimentos saudáveis, de preferência naturais e orgânicos, sem aditivos e com ingredientes com baixo teor de gordura e baixa caloria é uma tendência incontrolável em relação à qual os consumidores estão desviando sua atenção e seus gastos. Os compradores estão cientes de ter uma variedade crescente de produtos na ponta dos dedos, portanto estão procurando fatores diferenciadores. Eles querem saber a origem do que consomem e tendem a gastar mais com os produzidos localmente. Obviamente, a isso se acrescenta a demanda por produtos que satisfaçam outras necessidades ligadas a restrições alimentares, como glúten ou lactose.

Essa mudança nas preferências gastronômicas e alimentares da população leva os produtores a se afastarem da produção em massa e a responder às crescentes necessidades de transparência demonstradas pelo consumidor.

 

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Onde e como eu quero

O consumidor de hoje não quer se limitar às opções de compra que os varejistas determinam, mas está exigindo o acesso aos produtos que deseja, quando e onde deseja. Para atender a essas preferências, as redes de logística devem contemplar mecanismos de resposta a perguntas-chave, como:

  • Pontos de distribuição que garantem a pronta entrega (dark stores)
  • Crescimento nos canais de varejo e serviços não tradicionais de alimentação.
  • Embalagem e formato. O ‘Food on the Go’ está se expandindo rapidamente, permitindo que alguns canais agora ganhem uma fatia deste mercado.

Os consumidores satisfeitos comprarão o mesmo produto novamente, impulsionados pela experiência de compra, design ou conveniência de alimentos preparados e embalados adequadamente.

Não somos os mesmos

Outro fator nessas mudanças na demanda está relacionado aos dados demográficos. Somos uma sociedade cada vez mais estratificada, baseada na residência em áreas urbanas ou suburbanas, pertencente a diferentes gerações ou à evolução da economia, todas essas circunstâncias marcam diferentes padrões de consumo.

É crescente as classes médias de famílias com duas rendas e sem filhos e, com elas, cresce sua maneira de comprar e consumir e as compras on-line também, o que implica que as empresas precisam adaptar seu modelo de transporte a entregas menores e mais frequentes.

Carregamos um smartphone no bolso

Os clientes hiperconectados representam um desafio impossível de ser alcançado sem um firme compromisso com a digitalização no setor de alimentos, como em qualquer outro. É vital poder abordar um cliente cada vez mais multicanal, que consulta, compara e compra sem nenhum problema através do e-commerce. Nesse campo, as ferramentas de Big Data e IoT (Internet das Coisas) serão grandes aliadas para que as empresas possam antecipar as necessidades dos consumidores, tanto em produtos quanto em serviços, e poder responder a elas.

A alimentação pós-Covid-19

Desde o estado de alerta em março, o canal on-line foi impulsionado de uma maneira sem precedentes no mundo. Após a pandemia, encontraremos um consumidor mais consciente e muito mais exigente.

Estamos nos aproximando de uma transição para modelos híbridos de supermercados que combinam canais online e offline. Com muita probabilidade, o segmento de alimentação pós-pandemia se concentrará em saúde, higiene, segurança alimentar, modelos de negócios híbridos, e-commerce e fornecimento de alimentos locais.

Muitas empresas do setor terão que se reinventar e seguir em direção a modelos híbridos de food service e food delivery. Devido às restrições para deter a pandemia, muitos restaurantes já foram forçados, para poder sobreviver, a redirecionar suas atividades para o serviço exclusivo a domicílio. Plataformas como Rappi, Glovo, iFood e Uber Eats, que vêm apresentando um crescimento notável nos últimos anos, podem acelerar esse processo. As dificuldades para se encaixar no mundo do trabalho que você está enfrentando, terão que encontrar uma solução.

Uma porcentagem significativa da população ficará mais sensível aos preços devido ao desemprego e à recessão, pelo que descontos mais baixos nos preços irão ganhar terreno, no entanto, outro segmento procurará recriar experiências culinárias gourmet em suas casas. Obviamente, o que se espera é um maior comprometimento do consumidor no seu ambiente, om preferência pelos produtos nacionais ou mesmo da sua própria localidade, para apoiar a recuperação econômica da comunidade empresarial vizinha.

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